Reflexão

Reflexão
Pensamentos, novidades, dicas e muito mais! Confira!!!!!

domingo, 26 de junho de 2011

O que é solidão?

         O que é solidão? Quando adolescente amava ficar sozinha! O silêncio sempre me ajudou a recarregar as baterias, a colocar a cabeça em ordem (ou não), a sonhar. Para mim, o silêncio tinha cheiro de chuva, gosto de bolo quente, sem som algum. Apenas para dormir eu precisava de alguém, e aí entravam meus irmãos, que tinham de me agüentar em suas camas. Depois vieram algumas fases em minha vida, onde ficar sozinha era um pesadelo, me dava medo, e eu não confiava naquele som maquiavélico. Agora o mesmo silêncio de outrora tinha adquirido um gosto amargo, com odor de suspense, e uma melodia que me fazia chorar e tremer. Mais alguns anos se passaram, e aqui estou eu com meus 30 anos. Me tornei uma balzaquiana, e ao contrário de muitas mulheres, não posso dizer que estou em minha melhor forma. O medo passou, e devo isso a Deus primeiramente. Voltei a gostar do silêncio, e embora ele já não tenha as mesmas características de 15 anos atrás, ainda possui o mesmo significado, me trazendo calma, reorganizando pensamentos, impulsionando idéias, e o principal: descansando a minha alma e o meu corpo. 
        Hoje, o silêncio tem para mim,  gosto de capuccino de baunilha, cheiro de mato, e muito barulho. É um silêncio cheio de vozes, de som de vídeo game, de “mãe” para cá e para lá, de bola batendo na parede, e de pés ansiosos, alegres ou bravos, socando o assoalho enquanto tento dormir. Às vezes procuro o silêncio de antigamente, mas não o encontro, e me pergunto onde ele estará. Mas logo percebo que o silêncio de antigamente ainda existe, eu é que mudei e já não consigo sustentá-lo. Teimosa, tento muitas vezes a todo custo agarrá-lo, e por alguns momentos até o seguro em minhas mãos e o amarro comigo, mas em vez da antiga sensação de paz e sossego, esse tipo de silêncio, ora preso em minhas mãos, me traz angústia, lembranças, sonhos tão distantes que doem, e culpa pelo egoísmo e a ingratidão de querer estar só.
        Assim, o deixo ir. E retomo o silêncio que agora me cabe e que não quero que acabe. O melhor silêncio do mundo, o barulhento. Aquele silêncio depois de um banho, em que mãos batem à porta do quarto antes mesmo que eu me vista, o silêncio de olhos empolgados para falar sobre as mais recentes descobertas, o silêncio carregado de risos e choros, o silêncio encontrado no aconchego de bracinhos que me amam sem eu merecer, e que mesmo sob protestos, insistem em me abraçar e acolher.

O que é solidão? Não sei. 


Aos meus filhos Gilberto e Marcelo
Andréia Mamedes

Nenhum comentário: